segunda-feira, 1 de novembro de 2010

01/11 - Rir, Amar e Pedalar.


Por Sérgio Bruno

Dentro da barriga da minha mãe eu já pedalava. Nasci de uma mãe que usava a bicicleta diariamente para o trabalho e o lazer.Debaixo de sol, chuva e até de neve. Quando me vi por gente, estava subindo em caixas de feira para montar na minha magrela e sair pedalando por esta cidade. A sensação de me equilibrar sobre duas rodas, deixar a mente solta, abrir os braços e sentir o vento no rosto é maravilhosa. É como voar pelas ruas de São Paulo. Sensação igual a esta só senti, anos depois, com o sexo. Descobri o sexo pós era Woodstock e pré AIDS. Elis Regina cantava que toda forma de amor vale a pena. Tudo era muito bom. Mas com o tempo algumas coisas mudaram.

O ciclista se viu dividindo as pequenas calçadas com os pedestres e sendo expulso das ruas pelos ônibus e automóveis. Sem um espaço para ele. As autoridades, preocupadas em autuar os automóveis, ignoram a existência de ciclistas e pedestres. Os políticos, por sua vez, criam ciclovias que nos levam de lugar nenhum para nenhum lugar. E às vezes, para chegar até elas, temos que subir enormes escadarias. As empresas privadas, alguns com projetos interessantes, tomam atitudes quase sempre temporárias. E os grupos que se formam, são tão distintos e espalhados pela cidade, que não criam uma unidade. O interessante é que na questão homossexual as queixas parecem ser as mesmas. Vemos atitudes homofóbicas, políticos que não são capazes de levar um projeto a frente, empresas privadas com campanhas específicas para vender seus produtos e diversas tribos, mas sem uma união. A Parada Gay parece ter se tornado apenas uma grande festa.

Mas em um domingo cedo, pedalar com o grupo SP Gay Bikers muda completamente o roteiro desta história. Conhecer cada um destes integrantes. Suas histórias e seus segredos, ouvir as aventuras do Grupo e escrever novas, juntos, isso é muito bom. Césares, Kikos, Ales, Sivucas, Nandos e muitos mais. Uma multiplicidade de corpos e almas que encantam, cativam, fazem rir e tornam a vida muito mais leve e feliz. E é só isso que eu quero: Rir, amar e pedalar. Obrigado por conhecer vocês!

Namaste

Sérgio Bruno

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