(por Walter)
Há muitos anos
participei de manifestações razoavelmente organizadas que visavam o tombamento
de uma construção de valor histórico, que estava prestes a ser demolida, num
bairro de São Paulo. Os defensores da causa se reuniam diante do imóvel com
cartazes em punho e palavras de ordem para influenciar a opinião pública – ao
menos a opinião de quem por lá passasse – em busca de apoio à sua
reivindicação.
Não foram
necessários muitos destes eventos para percebermos que esta mobilização só
fazia sentido se algum representante da imprensa reportasse o que fazíamos –
nem que fossem poucas linhas num jornal de bairro.
Podia se dizer
que o movimento não existia se a imprensa não noticiasse. Ou, sendo menos
taxativo, pouco valia o que fazíamos se a causa não viesse a público – um
público maior do que os motoristas e pedestres eventualmente atentos que
cruzassem com estes poucos idealistas naquela hora e meia semanal de protesto.
O SPGB é um
pequeno grupo que, salvo equívoco da minha interpretação, não reivindica
explicitamente nada. Porém, preenche um espaço ao lado de tantos outros grupos
que promovem uma ação pública e contínua - e ao mesmo tempo difere de todos
estes grupos. Soma pela diferença, porque ciclistas não são maioria, e a
orientação sexual predominante entre nós também não é a da maioria. Por isto o
SPGB é único. Por isto é necessário.
Nestes 5 anos
o grupo conseguiu uma visibilidade desproporcional ao seu tamanho, mas
condizente com sua personalidade. Esta visibilidade é maior que o grupo, mas
naturalmente só existe por causa dele.
Eu conheço
mais estas pessoas do SPGB pelo que postam na Internet que pelo quanto
pude pedalar ao seu lado. Pior pra mim com o que estou perdendo, mas
cada um sabe dos seus domingos disponíveis, das manhãs frias, das dores aqui e
ali e dos tombos, comuns a quem pedala ou pratica qualquer esporte.
Percebi, apesar do pouco contato, unidade na diversidade, uma receptividade
imensa, e a descontração tantas vezes impossível para quem quase sempre se vê como
minoria potencialmente discriminada.
Longa vida ao
SPGB, porque é imprescindível mostrar que existimos e somos o que somos, iguais
e diferentes a todos os outros! Sem nunca perder a descontração – nem a
ternura, lógico – nós precisamos continuar demostrando que fazemos parte desta
cidade que amamos.
Ah,
aproveitando: aquelas manifestações de anos atrás surtiram efeito e o espaço
hoje é um museu aberto ao público. A luta foi longa.
Que legal, moro meio longe mas vou me animar um dia a participar! parabens pela visibilidade, é este trabalho de formiguinha que ajuda a mudar muitas coisas
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