Contrariando todas e expectativas, no domingo de Carnaval
(19/2), o grupo se reuniu para dar umas voltas pela São Paulo vazia. O percurso
envolveu a Av. Paulista, Rua Vergueiro (pela motofaixa que em geral neste dia e
horário costuma estar vazia), umas voltas pelo Centro Velho com direito ao
badalo do sino, Minhocão e, para terminar, almoço na Rota do Acarajé.
Algumas coisas interessantes merecem registro. Em pleno feriado prolongado, o número
daqueles que se dispuseram a
pedalar surpreende. E o melhor é que vem se mantendo relativamente constante,
com “viés de alta”.
Pedalar pela Av. Paulista, poderia ser algo mais fácil, mas
não é. Além dos ônibus que em geral não respeitam o limite de 1,5m de distância
do ciclista, o número de conversões à direita tornam o pedalar menos tranquilo
do que deveria. E muitos motoristas de automóveis ainda teimam em querer tomar
a frente, mesmo quando você sinaliza claramente que vai continuar adiante. Isto
nos faz tomar uma decisão vista por alguns com reserva: pedalar pela calçada.
Felizmente, a calçada em toda a avenida é larga e os pedestres bem menos
intransigentes. Mas a atenção precisa ser redobrada: na calçada, os ciclistas
assumem o papel dos carros....
Já o uso da motofaixa da Rua Vergueiro é uma prazer só. Em
declive, basta sentar e apreciar a paisagem. E os poucos motociclistas que
passam costumam não se importar com a presença das bikes. Ainda assim, é bom
ficar atento com pedestres que não costumam prestar atenção nos ciclistas. Fora
isso, é aproveitar a descida e curtir o passeio. Querendo, da para dar uma
parada na Liberdade e comer alguma coisa na feirinha que bomba já na parte da
manhã.
Rua Vergueiro: a motofaixa (sentido Centro) é boa opção para pedalar |
As ruas do Centro Velho são tranquilas e vazias nos finais
de semana. Alguns sem-teto cá e acolá. Já pedalei por ali muitas vezes e nunca
tive problema com eles. Mas é sempre bom ficar atento e pedalar em grupo é
sempre uma boa pedida. E o contato com a realidade - esta realidade que muitas vezes nos passa despercebido - é bem interessante.
São Paulo dos contrastes |
Páteo do Colégio costuma ter mais gente – turistas em
geral. Querendo, você pode tocar o sino, que fica numa das extremidades de
praça. O som é muito bonito. Já a placa que fica bem ao lado da igreja e que
fala da fundação da cidade de São Paulo merecia mais cuidado. Escrita em várias
línguas, deveria contar com um revisor. Não falo alemão, mas sei que os
substantivos são sempre escritos com letra maiúscula e não é o que se vê lá.
Pedalar sob sol forte não é fácil e toda sombra é bem-vinda |
Jorge Aun e o badalo do sino |
Para quem quiser fazer uma parada – a gente quase sempre faz
isso quando passa pelo centro – sugiro um café no Centro Cultural Banco do
Brasil. O serviço não é dos melhores, mas a comida tem preços justos e o café é
gostoso. Procure sentar em mesas que ficam sob os guarda-sóis; próximo ao
horário do almoço, o sol bate forte.
É possível pedalar por quase todo o centro apenas pelos
calçadões. Vou fazer um outro post indicando pontos de interesse e aproveitando
para chamar a atenção para alguns lugares imperdíveis e a uma obra de arte –
como tantas outras nessa cidade – que está em péssimo estado de conservação.
As ruas do Centro Velho são ótimas para se pedalar nos finais de semana |
Prestem atenção nessa esquina; volto a falar dela em breve! |
Rua Direita; Prefeitura e Shopping Light ao fundo |
Há várias formas de se chegar ao Minhocão – a partir de
Igreja da Consolação ou por meio das alças de acesso que existem ao longo dele
– duas de cada lado, se não me engano. O viaduto tem um ligeiro aclive, mas da
pra pedalar por toda sua extensão sem muito esforço.
No Minhocão (Elevado Costa e Silva), pedestres convivem bem e em paz com os ciclistas |
Largo Padre Péricles, para fugir do sol |
O passeio terminou com um almoço na Rota do Acarajé (veja aqui
onde fica). O lugar não é muito barato, mas eles juram ter mais de 200 rótulos
de cervejas. Recomendamos chegar cedo e sentar na parte de fora, mas embaixo do
toldo – o sol, sempre ele, pode tornar seu almoço um inferno.
E mais uma enorme surpresa. Além de extremamente simpático,
o garçom Rodrigo, depois de observar (e se divertir a valer) com os papos da
turma – já muito relaxada por algumas cervejas - engajou uma conversa muito boa
sobre Umberto Eco e os diversos livros dele. Coisa de São Paulo.
Rodrigo, o garçom simpático e conhecedor de Umberto Eco |
(Fotos: Nando Rodrigues)
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