segunda-feira, 12 de março de 2012

10.03 - Pedalada Pelada


São Paulo e sua chuvinha arrasa-quarteirão de final de tarde. Enquanto esperávamos ela passar, debaixo de um toldo na rua, César e eu tentávamos imaginar como seria a Pedalada Pelada daquela noite.
Eu achava que seria cancelada pelo mau tempo e ele, com o otimismo e empolgação de quem já pedalara pelado no ano anterior, tentava me contagiar.
Com os apetrechos na mochila (quem vai precisar deles, num passeio em que uma folha de parreira é over?) fomos pegar as bikes.

Passamos como quem não quer nada, pela Praça do Ciclista com mais fotógrafos e imprensa do que ciclistas, fomos pra frutaria esperar outros do SPGB.
E nada! Açaí pra lá, e ninguém aparecia. O céu ficou limpo e sobrou só um friozinho jogando contra a "disposição" dos ciclistas.
Hora de encarar a imprensa, ávida por um bilau ou um par de tetas...


Na praça, o ritual de se "montar" ou "desmontar" pro protesto começa. Abrir a mochila e tirar maquiagem de palhaço é motivo para inúmeros flashes.
Os ciclistas vão chegando e em comunhão, começam e se pintar e tranformar os corpos em canvas para expressar a vontade de convívio pacífico entre carro e bicicleta .


Chegam o Nando, Marcelo, Celso, Fabrício, André e amigos que fazemos na hora e que nos perguntam o que significa a sigla SPGB, escrita no nosso no peito.
Muitos ciclistas se aglomeram e pontualmente 8 da noite, tiro a cueca e pedalo no meio da massa.
O incômodo de estar nu na avenida mais importante de São Paulo, num sábado à noite, se desfaz, e uma alegria de conquista de liberdade, toma conta de todos.


O passeio, que busca expor a fragilidade do ciclista diante do trânsito, que pede mais ciclovias e mais respeito aos bicicleteiros, utilizando a nudez para chamar atenção da sociedade, percorre a Paulista, desce pelo Paraíso, Av. Brasil, Henrique Schauman, Vila Madalena, Rua dos Pinheiros, Av. Brasil novamente, Bela Cintra, Oscar Freire, e termina subindo pela Rua Augusta, próximo do centro.

Cada um volta para suas vidas com a sensação de que alegria, amizade, respeito e valorização das diferenças são palavras que ganharam mais textura naquela noite.

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