Por Nando Rodrigues
Quando se está disposto a conversar e aberto para ouvir, não importa se você está no Marrocos, à beira do Saara, ou montado em uma bike, pedalando pelas ruas da capital paulista.
Andar de bike é uma questão de atitude. É esporte, lazer. É também uma forma de se desopilar das coisas do dia a dia. Sozinho é bom; acompanhado é melhor ainda. Se for com amigos, então, nem se fala. E a endorfina, no final de tudo, dá um prazer enorme, garanto.
Mas não é só isso. E aí é que fica ainda mais legal.
Vou contar como foi o passeio deste domingo (25/7) de um ponto de vista, digamos, um pouco diferente.
Partimos por volta das 10h30, lá da Frutaria Paulista (veja aqui onde é http://connect.garmin.com/activity/41905764 e onde pode nos encontrar domingo que vem), rumo à Cidade Universitária (via Jardim Paulista e adjacências).
Estávamos em nove dessa vez. Um bom número mas que podia ser bem maior - os que manifestam interesse pelo grupo são muitos, mas os que realmente topam acordar cedo (10h não é cedo!) no domingo são poucos, por isso chegar a nove ciclistas é algo a se comemorar. O dia estava fresco, mas com um baita sol, situação ideal para um passeio de bike pelas ruas de Sampa. Quem já pedalou sabe do que estou falando.
Além de mim, que volto a pedalar depois de quase dez meses afastado da Olívia (para quem não conhece, trata-se da minha bike) por ordens médica, estavam os sempre presentes Kiko e Celso (este costuma pedalar mesmo depois de um longo e cansativo plantão no hospital, durante toda a noite; em outras palavras, um herói); Carlos (e sua inseparável câmera); Alessandro (que volta a pedalar agora que terminou sua pós); o Ari (que fazia tempo que eu não via também); o Werter (vão ouvir falar dele novamente daqui a pouco) e outros dois que conheci ontem - Laerte e Renato (também vou falar deles).
Por questão de segurança, costumamos pedalar dois a dois. Às vezes formam-se trios ou grupos de quatro, mas logo voltamos às duplas. Fazemos isso pra não ocupar mais de uma faixa de rolagem por onde passamos. As duplas vão se formando e se revezando sem qualquer organização, meio por acaso, às vezes por afinidade.
Por um bom período pedalei ao lado do Werter. Antes disso, só havia encontrado ele num passei noturno em 2009. Falamos amenidades. Falamos de trabalho e do estresse gerado por ele. De se ser workaholic (e eu sou, mas não me orgulho disso nem um pouco) e do custo pessoal que isso implica.
Eu lhe contei que estou em pleno processo de transição profissional (sou jornalista) e ele me disse que passa por situação semelhante e que estava voltando de uma viagem de férias que incluiu, entre outros destinos, uma passada pelo deserto do Saara, via Marrocos.
Werter me contou que, nesse trecho da viagem (compartilhada com um amigo de longa data - de infância, se não me engano) e em um dia que tinha tudo para ser mais um e ao mesmo tempo um dia perdido, ele e o amigo passaram horas conversando sobre coisas da vida.
Você deve estar se perguntando: afinal, vocês estavam pedalando ou batendo papo?
A resposta é: os dois e muito mais!
O Werter me disse que percebeu que, às vezes, é preciso atravessar o mundo (e um deserto), conversar com alguém que se conhece tão bem, para concluir algumas coisas importantes, principalmente no que se refere a trabalho e na forma como encará-lo.
Venho refletindo sobre isso já há algum tempo e concordo totalmente com sua opinião. Apenas acrescento que mais importante até do que o lugar e o quão longe de sua realidade diária se está, tudo é uma questão de postura, de se estar aberto para falar e principalmente ouvir.
Pode-se fazer isso no Saara, mas também montado em sua magrela, na companhia de pessoas que você conhece bem ou que acaba de conhecer. E é aí que entram o Laerte e o Renato.
Esses dois chegaram chegando e penso que isso é fruto da juventude. Antes que me xinguem, não estou criticando o fato de eles serem mais jovens do que demais que estavam nesse passeio em particular (Laerte, quanto anos mesmo você disse que tem mesmo, 15? Como eu te disse, eu tenho uns 20 e por isso a diferença é praticamente nenhuma, certo?).
Falamos sobre um montão de coisas e descobrimos até (mais) um viés comum: ambos temos ‘passagem’ pela Poli-USP, largada (pelos dois) por motivos diversos. Conversei menos com o Renato, mas por pura falta de oportunidade. De qualquer forma, a opinião que tenho deles é que são muito “fofos”. Quase nunca uso esta expressão no dia a dia, sei lá porquê. Mas ela diz exatamente o que eu achei deles: uns fofos.
No caminho de volta para o ponto de partida e depois de uma merecida parada para repor as energias na Varanda das Frutas, ali na Ponte Cidade Jardim (se for de bike para lá, não esqueça de levar corrente e cadeado), o grupo começou a se dispersar por um motivo simples: muitos moram em bairros próximos e vão ficando pelo caminho.
Por conta disso, na esquina da Paulista com Rebouças, só tinha restado eu, Alessandro, Laerte e Renato. Esses dois foram pra casa de Metrô. Afinal, depois de 44km pedalados, ainda tinham bom percurso até em casa. Eu e o Alessandro descemos a Angélica, percurso suficiente para falarmos sobre redes sociais e blogs e o dilema de seu uso profissional versus pessoal.
Se algum desses assuntos interessar você, fique à vontade para se juntar a nós no próximo domingo. Se achar tudo isso um saco, venha apenas para pedalar, mas duvido que consiga ficar calado o tempo todo. Sua companhia será sempre bem-vinda.
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