quarta-feira, 18 de junho de 2008





Em meio à agitação e ao clima vibrante no ar, Renata Falzoni, fundadora do tradicional “Night Bikers”, levanta sua bike acima da cabeça e todo mundo nota que ela está com os peitos de fora. Pencas de flashes e cliques e repórteres ensandecidos, afinal, eles estavam lá para isso. Aparentemente, só para isso.

E, como não poderia deixar de ser, os desinformados e oportunistas repórteres (???) do Pânico, simplesmente D-E-S-E-S-P-E-R-A-D-O-S com o que eles estavam vendo. Eu nem sei o nome daquela gente, mas era uma dupla. Um tentava fazer uma caricatura do Lula e o outro achava que era uma bicha (não estou falando do ótimo Christian Pior, por favor!). Desculpe, mas fazer a bicha sem ser uma, só com muito talento (o que não era o caso). Esse povo acha que é só botar uma peruca e sair chamando todo mundo de “bofe” ...

Mas voltando ao passeio, quando os organizadores decidiram que estava na hora de começar, os ciclistas passaram a dar voltas pela praça tocando suas buzinas. Eu fui logo atrás, meio sem graça, afinal, eu estava vestido! Começamos a ganhar a Paulista em direção a Brigadeiro e, à medida que os ciclistas se aproximavam da Augusta, toda a pista da direita da Paulista foi tomada. Eram cerca de 500 bikers. E uma caravana de carros da polícia com as sirenes histéricas ligadas nos acompanhando. Eu achava que eles estavam ali para garantir nossa segurança. Logo se veria que não era bem por isso...

Lá pela altura da Frei Caneca, o povo foi se animando e, naturalmente, alguns meninos e meninas foram tirando toda a roupa (que já não era muita mesmo..). Logo, já dava para contar uns 15 caras e umas 5 garotas totalmente nus em cima de suas bikes. Os carros que passavam na direção contrária buzinavam, o povo nas ruas ria, aplaudia e os bikers tomavam o maior cuidado para não vulgarizar seu gesto, já que aquela era uma atitude política.

Mas a polícia não pensava assim. Enquanto eram as meninas com o peito de fora, sem problemas. Mas bastou os caras aderirem para começar a confusão. De repente, os policiais se aglomeraram em torno de um dos participantes do passeio, André Pasqualini e, efetivamente, o prenderam, como se ele fosse o único pelado. Os outros participantes, indignados, tentaram argumentar. Foram recebidos com jatos de spray de pimenta. Eu quase me senti na Paris de 1968. Mas era 2008 na Paulista. E o que mesmo aquelas pessoas estavam fazendo de errado? Ah, estavam peladas pedindo melhoria na qualidade de ar em SP e respeito aos bikers, construção de ciclovias... Como se vê, algo bem subversivo! Ocorreu-me que o corpo pode ser um veículo bem mais perigoso do que um carro. Fiquei comovido e senti que alguma coisa nova estava acontecendo ali, além da prisão do militante pelado.

Um comentário:

  1. Estava acontencendo o machismo que impera nesse país, eles podem ver buceta e peitos, mas pinto não, é uma sociedade arcaica e patriarcal.

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