Vista Chinesa, 1-04

Mesmo sendo primeiro de abril, acreditei na proposta indecorosa do Roberto de pedalar até a Vista Chinesa. A brilhante ideia de subir 380 metros na Floresta da Tijuca, até um dos mirantes de onde se avista uma das paisagens mais bonitas do mundo, me encantou, mas de antemão avisei que minha bicicleta nem suspensão tem, então chegar até a metade do caminho já seria um feito.

Encontrei nosso novo amigo Luiz em Copacabana e pedalamos até o Clube Piraquê, na Lagoa, para encontrar Roberto e seus três destemidos amigos de Macaé, ávidos por se embrenhar na mata.

De lá, pedalamos pela lateral do Jardim Botânico e começamos a subida, que após alguns minutos já se mostrava absolutamente extenuante.

Pitstop numa cachoeira, para esperar Roberto e Luiz, e com o grupo reunido novamente, enfrentamos a parte mais íngreme e complicada...porque não acabava nunca.

A estrada lembra uma serra, com curvas fechadas e mata exuberante dos dois lados onde inúmeros outros ciclistas e esportistas correm para o mesmo destino.

Nesse ínterim, recebi mensagens do Roberto e do Luiz, que resolveram voltar. Aquele era o sinal para eu persistir, levar nossa bandeira e fincá-la no final do caminho.

Nesses quilômetros até o topo, tudo passa pela sua cabeça e a vontade xingar é forte, mas quando se avista a placa 700 metros, uma paz toma conta do coração que está a mil e a noção de que a recompensa pelo esforço está quase ali, desnuda-se depois de uma curva: A construção do mirante, que lembra um coreto.

A vista deslumbrante alimenta todo esforço e litros de suor gastos até ali. Muitos ciclistas, turistas e corredores, alguns como eu, encantados pela paisagem.

Eu e os três amigos do Roberto nos encontramos, ainda obtivemos a ajuda de outro ciclista que consertou um pneu furado e depois de algumas fotos já estávamos recuperados e descendo pelo mesmo caminho, agora com vento no rosto.